A filosofia, ciência tão antiga e que propõe a reflexão de idéias, sempre esteve presente nos ambientes acadêmicos e contou com adeptos. Porém, nos últimos anos, tem crescido no Brasil a oferta de cursos de pós-graduação e especializações voltadas para a área, em resposta a um maior número de interessados.
Atualmente, existem 35 programas de pós-graduação em filosofia reconhecidos pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e filiados à Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia (ANPOF).
Fundada em 1983, a ANPOF busca criar parâmetros e acompanhar a expansão de programas de pós-graduação em filosofia em todo o país, de forma que esse crescimento seja acompanhado de qualidade.
É possível cursar um programa de pós em filosofia em vários estados brasileiros. A maioria dos cursos, 16 deles, está na região Sudeste, 10 estão no Sul, sete no Nordeste e dois no Centro-Oeste.
Segundo análise de especialistas, as razões para o aumento da procura por especializações ligadas à filosofia são diversas, entre elas a maior divulgação de assuntos relacionados à área e a atuação dos profissionais do setor.
“O crescimento do interesse pela filosofia é notório em nosso país. Creio que isso se deve, em parte, à maturidade alcançada pela comunidade filosófica nacional, que vem gradativamente marcando presença na vida cultural de nosso país”, afirma Marcelo Perine, coordenador da área de filosofia e teologia da Capes.
Outro aspecto decisivo para a maior procura pela filosofia é a inclusão da disciplina nas escolas. “A volta da filosofia ao ensino médio também colabora para isso de maneira decisiva”, acrescenta Perine.
O fenômeno da maior popularização da filosofia é visto como de grande importância. Segundo o especialista, os jovens estão buscando respostas nessa ciência e precisam ser bem formados.
“Mais do que formarmos mais jovens para a filosofia é importante formarmos bem os jovens que se interessam por filosofia. É claro que o crescimento numérico da comunidade filosófica é importante, mas isso não pode ser em detrimento da qualidade”, diz Perine.
A qualidade e a possibilidade de um aprofundamento nos temas são, inclusive, fatores de atração pela área, acredita o coordenador: “Estou convencido de que é pela qualidade que a filosofia está ganhando adeptos entre os jovens e também entre as pessoas que a buscam como segunda formação universitária”, diz.
“E essa qualidade só pode ser garantida por instituições de ensino sérias, que estejam dispostas a pagar o preço da formação de um corpo docente bem qualificado, que possa trabalhar em condições de ensino e pesquisa compatíveis com as exigências da docência e da pesquisa em filosofia”, conclui.
Filosofia na prática
Com esse crescente interesse pela filosofia, a dúvida que paira no ar é: quais as possibilidades de atuação profissional na área? A resposta tem a ver com as diversas maneiras de aplicar a teoria na prática.
“Além da docência, um filósofo pode atuar em grupos de pesquisa e também em assessorias a projetos ou empreendimentos culturais que exijam capacidade de reflexão e análise da realidade cultural, como, por exemplo, projetos editoriais”, explica o coordenador da área na Capes, Marcelo Perine.
Matéria produzida para o site Bradesco Universitários em 12/11/2007.