Se alguns especialistas garantem que nos próximos anos a guerra por petróleo será substituída pela guerra por água, os brasileiros têm muito que temer. Isso porque o país é o mais rico em água para consumo de todo o mundo, dono de 12 % de toda a água potável disponível. Segundo as previsões, a falta desse bem precioso, sem o qual não há vida no planeta, será um dos problemas mais graves nas próximas décadas.
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), em 2050, a população mundial será de 8,9 bilhões de pessoas. E os mesmos estudos apontam que praticamente a metade dessas pessoas - cerca de 4 bilhões - viverão em países com escassez crônica de água.
Uma escassez dos recursos hídricos em proporções mundiais causará uma pane na continuidade do abastecimento doméstico e público, na agricultura, na produção de energia elétrica e na indústria, independentemente de seu segmento. Basta lembrar que todos os bens industrializados - incluindo os próprios processos de reciclagem, sendo de papel, plástico, eletrônicos etc. - dependem do uso de água.
O resultado será uma crise econômica descontrolada e a falta de empregos no mundo todo, fora o problema grave de saúde pública, que pode gerar mortes por infecções, inanição, sede e falta de medicamentos.
Não é à toa, portanto, que esse bem natural está diretamente relacionado à vida, e não existe nada que possa mudar isso, pois não há tecnologia que produza água. Uma das esperanças está na disseminação da prática de reúso ou reciclagem da água, além de captação da água da chuva.
Mas do que se trata exatamente e de que forma cada um pode ajudar? Segundo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), há duas possibilidades de reúso da água:
- Reúso indireto planejado: ocorre quando os efluentes (água com dejetos), depois de tratados, são descarregados de forma planejada em águas superficiais ou subterrâneas, para serem utilizados de maneira controlada.
- Reúso direto planejado das águas: ocorre quando os efluentes, depois de tratados, são encaminhados diretamente até o local do reúso, sem serem descarregados no meio ambiente. É o caso mais comum e que pode ser feito em uma residência, por iniciativa do próprio morador. Um exemplo é a reutilização da água usada na máquina de lavar roupa para atividades que não dependem de água potável, como limpeza de calçadas e de carros etc.
Além dessas, é possível também captar água da chuva, por meio de sistema de calhas. A água da chuva poderá ser usada, inclusive, na rede de canos da residência, desde que se crie um sistema de encanamento paralelo ao de água potável. É ideal, por exemplo, para uso em descargas.
E quais os usos da água reciclada?
A água reciclada pode ser utilizada para muitas funções, tais como:
- Irrigação paisagística: parques, cemitérios, campos de golfe, faixas de domínio de autoestradas, campus universitários, cinturões verdes, gramados residenciais.
- Irrigação de campos para cultivos: plantio de forrageiras, plantas fibrosas e de grãos, plantas alimentícias, viveiros de plantas ornamentais, proteção contra geadas.
- Usos industriais: refrigeração, alimentação de caldeiras, água de processamento.
- Usos urbanos não-potáveis: combate ao fogo, descarga de vasos sanitários, sistemas de ar condicionado, lavagem de veículos, lavagem de ruas e pontos de ônibus etc.
- Finalidades ambientais: aumento de vazão em cursos de água, aplicação em pântanos, terras alagadas, indústrias de pesca.
- Usos diversos: aquicultura, construções, controle de poeira, água para uso dos animais.
Água salgada
Parece um paradoxo, mas enquanto os oceanos sobem de nível por causa do aquecimento global, a água vai se tornando mais escassa. Sem dúvida há abundância de água na Terra - 70% do planeta são cobertos por água. Porém apenas 3% desse total são de água doce e, destes, 0,01% disponíveis para o consumo (água dos rios).
Matéria produzida para o site Bradesco Universitários em 3/12/2009.