Para ajudar a frear os efeitos do aquecimento global, a emissão de gases de efeito estufa precisa ser reduzida. O desafio é enorme, por isso algumas empresas partiram para iniciativas sustentáveis – ou seja, ações que ajudam a diminuir a emissão de carbono na atmosfera e priorizam recursos renováveis da natureza.
Cresce a cada dia o número de empresas no país a adotar práticas de responsabilidade socioambiental, como informa o Instituto Ethos, uma organização sem fins lucrativos dedicada a difundir iniciativas desse tipo.
Um exemplo é o escritório GAS Arquitetura, em São Paulo, que vestiu a camisa dessa causa e não pretende tirar. “Começamos a implantar medidas de ecossustentabilidade no início de 2008”, conta o diretor Alexandre Galvão.
Ele explica que “ao contrário do que se pensa, as medidas necessárias são em sua maioria simples. Porém, exigem um trabalho de disciplina e conscientização interna”.
Por exemplo, separar o lixo para reciclagem e economizar energia e material de trabalho (ver lista abaixo). Mas a empresa foi além e contratou a ONG (Organização não-governamental) Iniciativa Verde para calcular a quantidade de gás carbônico emitida por ela a cada ano. Esse cálculo é feito segundo orientações da United Nations Framework Convention On Climate Change (UNFCC).
“Após o levantamento de dados, que durou cerca de um mês, chegou-se ao número de árvores que teriam de ser plantadas para compensar (absorver) a emissão dos gases”, conta Galvão.
O total de emissão foi constatado em 1,70 toneladas de gás carbônico por ano, que resultou na necessidade do plantio de 60 árvores. A ONG assumiu a responsabilidade do plantio e da manutenção dessas espécies nativas em uma área da Mata Atlântica.
A ação resultou na aquisição do selo “Carbon Free”, emitido pela Iniciativa Verde, única ONG brasileira autorizada a conceder o selo e reconhecida internacionalmente. Desde 1992, ela participa de estudos e projetos de aplicações de pesquisas científicas com o objetivo de tornar a ação do homem menos agressiva ao meio ambiente.
Além do selo, Galvão conta que a empresa recebeu um “forte reconhecimento do mercado”, com direito a elogios por todos os lados, estreitamento de laços com diversos clientes e até indicação de prêmio na área ambiental, o Top of Quality 2009.
“Além do que, internamente, eleva-se a autoestima da empresa e de todos os funcionários por saberem que fazem parte de uma estrutura responsável e adequada aos anseios atuais”, afirma o diretor.
Custa caro?
“Por realizarmos muitas ações sustentáveis, temos certeza que qualquer empresa, de qualquer porte, pode, sim, ter uma postura de responsabilidade ambiental condizente com a sua estrutura”, diz Galvão.
“São atitudes que demandam organização e vontade muito mais do que recursos financeiros. Algumas delas, inclusive, exigem uma redução de custos, como questões relativas à economia de energia e materiais”, afirma.
Ele acredita que “o início do processo depende da consciência e da busca de informações sobre o tema”.
Além de seguir exemplos de outras empresas, Galvão aconselha analisar as demais possibilidades baseando-se no cronograma e estrutura da empresa – tudo sem pressa e visando sempre ao aprimoramento dessas ações.
De acordo com o diretor, a cultura de sustentabilidade deve fazer parte da empresa e de cada funcionário para que tudo dê certo realmente. Outro passo importante é procurar uma ONG confiável para ajudar em todo o processo.
Questão de mercado
Tornar-se sustentável, segundo o empresário, tem vantagens que vão além da “postura ética e de responsabilidade frente àquele que pode ser considerado o maior embate de nossa geração, que é a questão ambiental”. No caso da GAS Arquitetura, que atende empresas de grande porte, ser sustentável gera credibilidade.
“Essas empresas também procuram ter uma imagem de responsabilidade socioambiental. Isso nos trouxe a necessidade de sair na frente em um mercado cada vez mais exigente nesse sentido”, revela.
Para citar um exemplo de que essa é uma tendência de mercado, Galvão relembra o último Encontro Bradesco de Fornecedores, o sétimo deles, que aconteceu em junho de 2009, no qual “a questão ambiental teve papel de destaque”.
Exemplos do que fazer
Dicas de Alexandre Galvão para um dia-a-dia sustentável:
- Separar o lixo e encaminhar a uma empresa de reciclagem (confiável);
- Reaproveitar papéis para rascunhos;
- Padronizar o envio de projetos em formato digital para redução de impressões;
- Padronizar o sistema de comunicação interna e com colaboradores externos por e-mail para redução do envio de cartas e determinados documentos;
- Trocar todas as lâmpadas por fluorescentes compactas;
- Analisar os gastos de energia elétrica dos equipamentos de informática para redirecionamento de futuras compras e devidas trocas;
- Dar preferência pela contratação de colaboradores ou serviços que possuam uma visão semelhante, com a intenção maior de influenciar o mercado à volta.
Eu posso sozinho
Mas não é preciso ter uma empresa para ser sustentável. Qualquer cidadão pode assumir uma postura ética, responsável e consciente.
São atitudes simples, como “dar preferência a processos e equipamentos que consumam menos energia ou preocupar-se com a geração e destino do lixo (minimizando o gasto de materiais e maximizando seu reaproveitamento)” que podem salvar o meio ambiente, ensina Alexandre Galvão.
Além de fazer a sua parte na prática, ele acredita que procurar propagar o conceito e as ideias de sustentabilidade é essencial para o sucesso do processo de cura do planeta. “Fale, divulgue e sirva de exemplo”.
Matéria produzida para o site Bradesco Universitários em 29/09/2009.