Ser dono da própria vida, tomar decisões, solucionar problemas sozinho. Enfim, crescer. Essas são algumas questões que todo jovem começa a enfrentar, mais cedo ou mais tarde, e que estão relacionadas ao amadurecimento.
"Maturidade, no meu entender, tem a ver com parar de viver a partir de nossas crenças distorcidas, de nossas ilusões, do passado, e começar a lidar com a realidade, com aquilo que é", diz a psicóloga e escritora Patricia Gebrim.
A psicóloga publicou três livros: "Palavra de Criança", que fala sobre o relacionamento com a nossa criança interior, "Falando de amor", sobre relacionamentos e "Gente que mora dentro da gente", que aborda as várias vozes, os vários Eus existentes dentro de nós e como fazer para conhecê-los.
Mas, de acordo com a psicóloga, amadurecer não diz respeito apenas a quem está ingressando na vida adulta. É um caminho que está em nós mesmos e deve ser descoberto e estimulado desde a infância.
É preciso permitir, por exemplo, que as crianças errem e possam conviver com as conseqüências do erro. A superproteção pode dificultar muito esse processo de crescimento.
"Desde pequenas, precisamos tratar as crianças com dignidade. Precisamos exercitar a nossa maturidade, para que as crianças possam nos ter como um modelo. Ajudar uma criança a amadurecer tem a ver com ir ensinando-a a perceber a cadeia de causa e efeito", conta.
Uma pessoa madura é aquela que reconhece os seus erros, sem buscar um culpado externo para eles.
"Muitas vezes, para se defender, os jovens responsabilizam o mundo por aquilo que acontece com eles. Tornar-se adulto tem a ver com perceber que criamos as nossas vidas a partir do que escolhemos para nós. Quanto mais nos conhecemos, mais chances nós teremos de fazer escolhas que nos tragam felicidade", diz.
Caminhos do autoconhecimento
Os caminhos para o autoconhecimento são diversos: meditação, ioga, psicoterapia, contato com a natureza, desenvolvimento espiritual. Cada pessoa deve descobrir uma forma de encontrá-lo de acordo com suas crenças e valores.
"Olhar para dentro requer quietude, silêncio, atenção e auto-observação", ensina a psicóloga Patricia Gebrim.
O fato é que através do autoconhecimento podemos alcançar a maturidade e a felicidade, acredita Patrícia. Para ser feliz é necessário aceitar quem somos hoje. Aceitar nossos defeitos e reconhecer as nossas qualidades.
"Abrir mão das ilusões de um mundo perfeito e aprender a amar aquilo que está ao nosso redor hoje. Se uma pessoa está infeliz e se coloca como vítima do mundo, nunca poderá mudar isso", explica a psicóloga.
E acrescenta: "Mas quando (essa pessoa) aceita que deve existir algo nela que esteja causando essa infelicidade, ela abre espaço para ampliar sua consciência. Quanto mais consciente, maiores são as suas alternativas de escolhas. Não é fácil fazer isso. A felicidade tem mais a ver com gratidão do que com conquistas".
Sair do estado de ilusão
Enfim, amadurecer é buscar esse estado de felicidade. De acordo com a psicóloga Patrícia, é possível curar feridas do passado por meio do autoconhecimento.
"Desfazer crenças disfuncionais, sair de um estado de ilusões e passar a viver a verdade do momento, a realidade, o agora", diz, para concluir: "O único momento em que podemos ser de fato felizes é agora. A felicidade não está no passado, não está no futuro!"
Patrícia desenvolve seu trabalho clínico há 11 anos, atendendo adolescentes e adultos. Ela valoriza o vínculo entre paciente e terapeuta. "Procuro criar um espaço terapêutico que permita a verdade, o respeito, a compaixão", diz.
Matéria produzida para o site Bradesco Universitários em 20/04/2007.