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Hábitos alimentares podem influenciar nos estudos
 
Pesquisas relacionam o consumo de nutrientes e alimentos com o humor e a concentração. Dietas desequilibradas, ricas em gorduras, podem reduzir a capacidade de reter informação.
 
17 de junho de 2007
por Ana Freitas
 

Após um ano com uma alimentação baseada em comidas congeladas, enlatadas e refinadas, uma pessoa terá ingerido cerca de quatro quilos de aditivos químicos. Isto foi o que concluiu uma pesquisa da fundação britânica Mental Health realizada com 2 mil ingleses, para avaliar os hábitos alimentares no país. Levando em consideração que, assim como na Inglaterra, no Brasil a alimentação carente de frutas e verduras e rica em conservantes ganha espaço, este dado deve servir de alerta também para nós.

As comidas processadas, aquelas que possuem uma validade muito maior que a comida caseira e duram meses na geladeira, não apenas são ricas em conservas como também possuem um valor nutricional reduzido. O motivo é simples: muitas vitaminas e proteínas perdem o valor após processamento e armazenamento.

Porém, mais do que contabilizar o quanto ingerimos de conservantes com estes tipos de alimentos, a pesquisa da Fundação Mental Health associou a mudança dos hábitos alimentares nos últimos 50 anos ao aumento dos casos de distúrbios psicológicos, como depressão, por exemplo. Isto porque a atual alimentação seria repleta de açúcares e gorduras trans, substâncias que alguns estudos já provaram ter relação com tais problemas psíquicos.

Como a pesquisa não mostra que a mudança radical do hábito alimentar pode prevenir estes distúrbios, esta associação ainda é questionada e considerada precipitada pela classe médica. Porém, uma coisa é tida quase como um consenso: a alimentação pode afetar diretamente o humor ou a concentração de uma pessoa, ou seja, está diretamente ligada ao bom funcionamento do cérebro.

"Inúmeros estudos têm relacionado o consumo de nutrientes e alimentos com o humor e a concentração. Dietas desequilibradas, ricas em gorduras, sal, com baixa quantidade de hortaliças e frutas podem diminuir a atenção e a concentração, por exemplo, ou deixar a pessoa mais ansiosa e mais irritada", explica o nutricionista da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), Daniel Bandoni.

Corpo são, mente sã

Enquanto alguns alimentos influenciam na concentração, e assim podem afetar o desempenho de um estudante no período de provas, por exemplo, outros são considerados verdadeiros aliados para um corpo e uma mente saudáveis.

Cereais integrais são fonte de selênio e vitamina B6 que podem combater a ansiedade e o desânimo. Frutas e hortaliças ajudam a enfrentar a fadiga e o estresse e possuem um efeito calmante.

Já os carboidratos, presentes em pães, massas e biscoitos integrais, contribuem para a entrada de triptofano no cérebro, que é transformado em serotonina, um neurotransmissor capaz de reduzir a sensação de dor, diminuir o apetite, produzir sensação de calma e até induzir ao sono.

Bandoni alerta, no entanto, que muitos mitos envolvendo alimentação e mente nunca foram comprovados. Um deles joga por terra uma desculpa comum dos devoradores de doces: até hoje não há fundamentos científicos que comprovem que o chocolate ajuda a memória!

Para os viciados em café e os que não dispensam um lanche gorduroso entre as aulas, o nutricionista também faz um alerta, "a cafeína pode aumentar a ansiedade e dietas com altas quantidades de gorduras saturadas (encontradas em gorduras de origem animal) podem causar letargia e diminuir a capacidade de raciocínio".

Refeições devem ser equilibradas

Não há um corpo saudável sem uma alimentação adequada. Além disso, um organismo bem alimentado é capaz de responder mais facilmente a tratamentos médicos e se recuperar de doenças.

E adotar um hábito alimentar adequado não tem segredo nem fórmula mágica, o importante é fazer refeições equilibradas e variadas, evitando excessos e respeitando horários.

"Deve-se valorizar todos os grupos de alimentos para uma refeição variada e colorida. As frutas e hortaliças são muito importantes e o ideal é consumir ao menos cinco porções delas por dia", recomenda Bandoni.

Os alimentos ricos em gorduras e açúcares como tortas, refrigerantes e frituras podem até ser consumidos, mas com moderação e não rotineiramente. Também deve-se evitar o fracionamento das refeições e ficar horas sem se alimentar, já que depois o comum é comer muito e rápido demais, o que não é um hábito saudável.

Uma última dica do nutricionista Daniel Bandoni, esta voltada especialmente para os que não perdem uma festa ou uma chopada, "a melhor bebida para o corpo é a água".

Matéria produzida para o site Bradesco Universitários em 7/06/2006.

 
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