O mercado de trabalho, cada vez mais competitivo, exige que os profissionais estejam sempre se atualizando, adquirindo novos conhecimentos, se especializando. Quem está prestes a ingressar neste mundo, mesmo com a bagagem de informações recém-adquirida, precisa desde já se acostumar à idéia de que ela pode não ser suficiente.
A expressão “sempre é hora de mudar” é bastante difundida no mundo corporativo. No entanto, de acordo com Gisela Kassoy, especialista em Desenvolvimento da Criatividade para adultos, isto não é de todo verdadeiro.
“O termo ‘mudar’ é usado de forma incorreta e acaba, muitas vezes, assustando. O correto é ‘ampliar’, ‘ampliar as capacidades de ser’”, diz a especialista, proprietária da consultoria Suporte à Inovação Contínua.
E explica: “Quando falamos em mudar, partimos da premissa de que somos completamente errados. As pessoas precisam estar atentas em conseguir ser o que é necessário, quando necessário. Isso sim”. Então se trata de tentar perceber os sinais de que é preciso mudar, ou ampliar suas capacidades, e ter a flexibilidade necessária para partir para a ação.
Segundo Gisela, os profissionais devem ser dinâmicos e precisam aprender a conciliar disciplina com “jogo de cintura” para atingir seus objetivos, o que nada mais é que a capacidade de “improvisar”.
“Existem pessoas muito disciplinadas que acabam tendo problemas. A disciplina, sem dúvida, é uma virtude, mas, na maioria das vezes, pessoas assim querem que tudo saia conforme o planejado, não têm ‘jogo de cintura’ para driblar situações adversas”, explica.
Quando é hora de mudar
De acordo com a consultora Gisela Kassoy, o próprio mundo se encarrega de dar os sinais de que nem tudo está saindo como se esperava. O relacionamento com os amigos, com a família, com a faculdade, tudo isso quer dizer muita coisa. Está indo bem? Não está? Como estão as notas, o desempenho de uma maneira geral?
Para Gisela, a dificuldade reside, muitas vezes, em uma questão de falta de humildade. Os jovens, especialmente, tendem a negar as opiniões alheias e acabam rejeitando observações que poderiam lhe ser úteis.
Segunda ela, portanto, tão importante quanto acumular conhecimentos, dominar idiomas estrangeiros e ter uma boa cultura geral, é treinar a própria flexibilidade, a humildade e a capacidade de ouvir – ou seja, de perceber as demandas que estão a sua volta.
O pensador norte-americano Ken Wilber, autor de vários livros traduzidos para o português, entre eles “O Espectro da Consciência”, sugere uma maneira simples de nos ajudar a descobrir em quais pontos há desequilíbrio em nossa vida e, portanto, onde é preciso mudar. Ele propõe que desenhemos um círculo e o dividamos em quatro partes iguais. Em cada uma das partes devem estar: vida pessoal, vida profissional, vida cultural e vida espiritual.
No espaço destinado à vida pessoal cabem relacionamentos, lazer e ócio. Para vida profissional, nossas metas, dificuldades e quanto tempo o trabalho ocupa em nossa vida. Cultural, o tempo dedicado a cursos, cinema e literatura. E, para espiritual, tudo o que fazemos em relação ao nosso desenvolvimento interior.
Ao descrevermos cada uma dessas partes, vamos perceber que algumas estão mais carregadas que outras. Percebe-se, assim, um desequilíbrio. É claro que é natural que uma parte pese mais que a outra, mas isso deve ser sutil. Feitas as conclusões e já conhecido o foco do problema, podemos trabalhar para nos desenvolver naqueles setores menos contemplados, e sermos cada vez melhores.
Pois uma coisa é hoje consensual: o indivíduo que equilibra bem todos os setores de sua vida será mais propenso a destacar-se profissionalmente.
Pressão e opressão
Gisela Kassoy, a consultora brasileira, é uma das autoras do recém-lançado livro “Gigantes da Motivação” (Editora Landscape), que reúne conselhos dela e de outros 24 especialistas em motivação no Brasil.
Gisela colaborou para essa coletânea com o texto “Como Administrar os Momentos de Pressão”, que fala sobre como diferenciar pressão de opressão e de como lidar com ambas no dia a dia.
Matéria produzida para o site Bradesco Universitários em 30/05/2007.