Um exemplo de força e perseverança na área dos negócios, Sadaji Yoshioka acredita que o primeiro passo para se tornar um verdadeiro empreendedor e liderar seu próprio negócio é identificar dentro de si o objetivo de vida - como homem e como profissional.
"Veja o que você gosta, no que acredita e se está disposto a assumir riscos e responsabilidades", aconselha o veterano.
Hoje, aos 70 anos de idade, Sadaji é dono de seis empresas do segmento editorial gráfico. Mas, obviamente, para chegar onde está, a trajetória não foi fácil e exigiu muita força de vontade. Antes de ser empresário, trabalhou na roça, foi office-boy, bancário, contador, professor e palestrante.
Mesmo assim, logo no início de sua carreira, já havia percebido seu jeito para liderança e administração. "Se consigo administrar tão bem a empresa que não é minha será que consigo administrar a minha própria empresa?", pensava.
Para ele, a vontade de fazer rege a vida de um grande profissional, o resto é só uma questão de tempo e organização. Ele ainda explica que não importa o nível de QI (Quociente de inteligência) de cada um, mas sim, o quanto ele é usado.
"Na vida profissional sempre lutei, me esforcei e, por muitas vezes, trabalhei o dobro dos outros para compensar os meus pontos fracos", relata.
Sadaji alerta que para liderar um negócio é preciso querer, à parte da autonomia e benefícios financeiros, uma vida bastante dinâmica e cheia de surpresas. "Se quer uma vida pacata e um bom salário para viver tranquilo esse não é o caminho", ressalta.
Para liderar uma empresa, além de fatores administrativos, que vão da escolha de fornecedores a estratégias de publicidade, o empresário deve ter a consciência que estará envolvendo outras pessoas em seu negócio - empregados que depositam seu tempo, suas habilidades e sua confiança na empresa.
"É sagrado pagar todos os empregados. No início, o meu pró-labore (termo que vem do latim referente à remuneração) era o último, se sobrasse dinheiro. Os funcionários sabiam disso e se esforçavam, trabalhavam com afinco, procurando não errar", conta.
Outra dica do empresário é não misturar jamais assuntos familiares com profissionais, porque, em muitos casos de empresas próprias a família permanece presente para assumir cargos de confiança ou colaborar com o negócio. "No trabalho se discute assuntos de trabalho. Em casa assuntos familiares", ensina.
Quando surgirem os problemas, que inevitavelmente aparecem, ele aconselha esquecer que a empresa é sua, para criar certo distanciamento e aumentar a capacidade de encontrar alternativas. "As soluções ficam mais claras", ele garante.
Outro grande conselho do veterano, em sua opinião crucial para alcançar o sucesso, é que "devemos ser ambiciosos, mas jamais gananciosos". Além disso, "quem quer ter negócio próprio, desde cedo tem que ter amor, muito amor àquilo que faz".
O momento ideal
Mas qual é o momento certo para dar esse passo na vida profissional e assumir um negócio próprio? "Acredito que seja a hora que sentimos estar prontos para correr riscos", comenta. Para ele, não existe regra, cada um tem seu tempo para sentir-se confiante e preparado - não somente financeiramente.
Uma vez preparado, basta esperar a oportunidade ideal, pois, segundo Sadaji, ela surgirá. "Sucesso é 'preparo' + 'oportunidade'", "fórmula" que aprendeu em uma entrevista com Sebastião Camargo (1909-1994), outro conceituado empresário brasileiro, fundador da construtora Camargo Corrêa.
"Quem está preparado, quando a oportunidade passar a sua frente, saberá agarrá-la", ressalta.
"A palavra sucesso no dicionário diz: 'algum lugar em que se chegou'. Acredito que o sucesso é o estado espiritual de como viver. O segredo é viver sempre em estado de sucesso", comenta com humor.
Cheiro de tinta
A história de Sadaji Yoshioka agora é também um livro voltado para (futuros) empreendedores. "Cheiro de Tinta - Uma vida em P&B para 4 cores", da editora Vox, conta como o empresário, depois de 25 anos trabalhando como empregado, abriu seu próprio negócio e se tornou dono de seis empresas, o Grupo Vox, que conta com mais de 150 colaboradores.
"Ainda criança, por volta dos 10 anos, lembro vagamente que a minha mãe dizia: 'Sadaji terá sucesso na vida, porque não é uma sumidade de inteligência mas é perseverante e jamais desiste daquilo que se propôs a fazer, persegue até alcançar o objetivo. Não se importa se não chega em primeiro, mas sempre luta para obter uma boa colocação'", conta.
Aos 30 anos, já trabalhava no setor gráfico - "Sadaji se apaixonou, o cheiro de tinta gráfica impregnou no corpo de Sadaji", brinca - mas apenas aos 50 anos de idade, depois de aposentado, com o apoio da família, decidiu investir o dinheiro guardado de tantos anos no negócio de seus sonhos.
O livro, como tudo em sua vida, foi mais um desafio. No caso, para enfrentar um infarto que o afastou temporariamente da empresa.
"Fiz aquilo que no momento era possível fazer sem pensar nas dificuldades, mas sim em como superá-las. Quando terminei, algumas pessoas mais chegadas leram e me incentivaram a publicar. O jornalista Ruy Sá que escreveu a quarta capa foi o último empurrão", conta.
Matéria produzida para o site Bradesco Universitários em 31/07/2009.