De acordo com o Programa de Estudos do Futuro (Profuturo), da Fundação de Instituto de Administração (FIA), até 2020, profissionais como gestores, engenheiros e advogados ambientais, agrônomos, ecologistas, biólogos, entre outras profissões verdes, serão os mais solicitados pelo mercado de trabalho.
"Isso já está acontecendo, porque sustentabilidade é uma preocupação mundial, que atinge tanto as empresas quanto a sociedade", afirma Gizele Laranjeira, orientadora profissional e de pesquisa do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE).
Há cerca de uma década, com os primeiros rumores sobre o aquecimento global, alguns pesquisadores já previam a necessidade de formar profissionais que fossem capacitados a lidar com os futuros problemas ambientais.
Mas, segundo a orientadora, essa tendência só foi evidenciada fortemente em 2007. "Foram registradas 1416 vagas a mais que no ano de 2006 na área ambiental pelo CIEE", revela.
"Nesse mesmo ano, por exemplo, uma grande empresa de advocacia buscava por um advogado ambiental, que não conseguiu encontrar. Então, eles contrataram um geólogo que trabalhou em parceria com um advogado", conta.
De dois anos pra cá, muito mais universidades abriram cursos de graduação e especializações voltados para temas de sustentabilidade e meio ambiente. "Muitas delas até demoraram certo tempo para regulamentar esses cursos, porque colocaram em funcionamento rapidamente para atender a demanda", conta.
Apesar da corrida das instituições para corresponder à necessidade do mercado de trabalho, ainda há falta desses profissionais nas empresas, que têm, inclusive, inaugurado departamentos inteiros voltados para programas de reciclagem, preservação e consciência ambiental.
Empresas conscientes
Gizele garante que a preocupação dessas empresas pode estar muitas vezes relacionada a uma questão de marketing, mas, em muitos casos, elas realmente adotam certos valores e assumem uma missão, que vai além do comprometimento das vendas e do lucro, ''elas compreendem a gravidade e a real importância''.
''Criar projetos e programas sustentáveis leva tempo e investimento, por isso, muitas empresas fazem isso apenas para atender à (certificação internacional) ISO 14000, qualificação que indica excelência ambiental''.
''Mas não há como fugir disso, porque o consumidor já assumiu uma postura consciente e prefere comprar um produto que não agrida o meio ambiente e de uma empresa que colabora com sua preservação. Portanto, o mercado precisa e a sociedade exige'', ela afirma.
Remuneração
Entre as profissões verdes, mesmo que elas todas sejam promissoras, algumas recebem remuneração ''um pouco maior''. ''As mais tradicionais, como biologia ou geografia, por exemplo, não são tão bem pagas quanto direito ou consultoria ambiental''.
Porém, Gizele garante que tudo depende da iniciativa de cada profissional. ''Há espaço para qualquer um. Todos podem ser muito bem-sucedidos nessa área, independentemente de sua formação ou especialização'', ressalta.
Conheça algumas profissões verdes
- Gestor ambiental: profissional responsável por desenvolver projetos de conscientização, detectar problemas de impacto ambiental e direcioná-los aos profissionais capazes de resolvê-los, além de checar se as normas da ISO 14000 estão sendo seguidas.
- Engenharia florestal: concilia a exploração econômica das florestas e sua preservação. É responsável por projetos de reflorestamento e parques públicos e pode atuar em indústrias madeireiras e empresas públicas de pesquisa.
- Advogado ambiental: profissional apto a fiscalizar as regulamentações da lei de crimes ambientais (lei nº 9.605/98). Ele encontra campo, por exemplo, para defender empresas supostamente poluidoras ou fornecer assessoria para que evitem punições futuras.
- Geólogo: responsável por pesquisas de proteção e planejamento, que envolvam todo o meio físico da superfície terrestre, como solo, mineração, projetos hidrelétricos, reciclagem e resíduos domésticos e industriais.
- Auditor ambiental: atende, auxilia e orienta as empresas a se adequarem às normas exigidas para obter certificações ISO 14000 e ISO 14001, ambas certificações de excelência ambiental.
- Educador ambiental: Atua diretamente com crianças, empresas e comunidade. Ele tem como principal função conscientizar as pessoas da necessidade de uma mudança de atitudes.
- Químico ambiental: realiza o levantamento dos aspectos físico-químico do meio ambiente. Pode atuar na elaboração do EIA-RIMA (Estudo e Relatório de Impacto Ambiental) e monitoramento ambiental em órgãos públicos.
- Contador ambiental: profissional que avalia e contabiliza benefícios e prejuízos financeiros que o desenvolvimento de um produto pode trazer ao meio ambiente.
- Biólogo: Entre suas funções, estudar possibilidades de diminuir o impacto das ações do homem sobre o meio ambiente é uma das mais importantes.
- Ecólogo: estuda as relações entre os seres vivos e o ambiente, formas de preservação e utilização adequada dos recursos naturais e como minimizar os impactos ambientais causados por poluição, desmatamentos e outros problemas provocados pela intervenção do homem no ambiente.
- Engenheiro ambiental: orienta e fiscaliza indústrias para preservar a água, o solo e o ar da região. Pode atuar em centro de pesquisas, ONGs, consultorias, órgãos públicos e empresas.
- Zootecnia: profissional que busca maior rentabilidade e produtividade na criação de animais. Atua em propriedades rurais, laboratórios de pesquisa e biotecnologia.
- Cientista ambiental: propõe medidas que visem à melhoria da qualidade de vida com base em seus conhecimentos genéricos da ciência. Trabalha em laboratórios e pesquisas.
- Monitor de ecoturismo: conhecedor de animais, parques, reservas e árvores. É responsável por orientar turistas em hotéis, parques ecológicos e zoológicos.
Matéria produzida para o site Bradesco Universitários em 28/08/2009.