Algumas empresas optam por recrutadores terceirizados, outras possuem sua própria estrutura para contratação de estagiário. Mas, se você se inscrever para uma vaga não terá como fugir da tradicional dinâmica de grupo. Ela é uma grande ferramenta utilizada pelos selecionadores para identificar o perfil do candidato.
E de que forma esse perfil é detectado? Como o estudante deve se comportar nessa etapa do trabalho de seleção? A psicóloga e coordenadora do Programa de Coaching para Iniciantes da Crescimentum Consultoria, Rosana Rodrigues, diz que, antes de qualquer coisa, o estudante tem de ter certeza do que pretende e se a empresa é adequada aos seus objetivos.
Ou seja, não se trata de encaixar o próprio perfil no formato que a empresa quer, mas, ao contrário, saber se o perfil da empresa é o daquela em que se deseja trabalhar.
Além disso, segundo a consultora, "o mais importante na dinâmica é você ser você mesmo e saber exatamente o que quer fazer. De nada adianta você se mostrar uma pessoa que não é".
Etapa mais importante
A dinâmica de grupo, segundo Rosana, é a etapa mais importante para o selecionador encontrar as pessoas que estejam mais de acordo com o perfil da vaga e também com o segmento da empresa. Antes de entrar em um processo seletivo, de acordo com a consultora, o estudante deve colher informações sobre a vaga e a empresa.
A consultora explica que realmente a dinâmica funciona como a primeira peneira do processo seletivo. Então, se você estiver dentro do perfil e a empresa for adequada aos seus objetivos de carreira, será necessário que o selecionador perceba isso.
"Na dinâmica você precisa se expor ao grupo, mostrar seu comportamento, falar a verdade", salienta. "O selecionador só poderá perceber algo em você se tiver informação necessária e isso tudo será feito durante a dinâmica de grupo".
Integração e brincadeiras
De acordo com Rosana, a dinâmica de grupo também pode ser mais que uma triagem e ser aplicada de muitas maneiras diferentes. Ela conta que gosta de fazer uma integração com o grupo e depois aplicar algum tipo de brincadeira ou proposta que revele o tipo de comportamento dos candidatos em determinadas situações.
"Existem inúmeras alternativas, mas todas têm o mesmo objetivo: encontrar dados que identifiquem o perfil do candidato", diz.
Ela explica que, depois deste processo, o recrutador poderá ainda aplicar testes de qualificação ou até uma avaliação de perfil para confirmar suas percepções.
"Quando os candidatos estão muito alinhados e de acordo com o perfil, as chances de passarem para etapa da entrevista são quase 100%", diz.
E acrescenta: "O que o selecionador irá se perguntar é se a pessoa que está contratando será boa para a empresa e também se a empresa será boa para o contratado, pois o papel dele é fazer um casamento duradouro".
Aprender com a experiência
O mais importante de todo o processo, volta a enfatizar a consultora, é o estagiário saber onde e com o quê quer trabalhar. Essa noção, segundo Rosana, irá se refletir na performance durante a dinâmica.
"Você se sentirá mais seguro para ser você mesmo e mostrar suas habilidades e competências. A grande maioria das pessoas trava numa dinâmica justamente porque não sabe o quer", diz.
Mesmo que em alguns processos o nome da empresa não seja divulgado, os candidatos podem questionar o selecionador e procurar saber mais sobre a função e filosofia da empresa. "Se você perguntar tudo antes do processo o recrutador não achará ruim, na verdade perceberá que você tem interesse", destaca.
Se não for selecionado para a entrevista, o estudante, de acordo com Rosana, não deve desanimar. Ao contrário, deve encarar a experiência como uma oportunidade de aprender mais sobre si mesmo.
"Quando o processo seletivo é sério, pode ser muito interessante até mesmo como aprendizado. Se você achava que tinha o perfil certo, analise o que aconteceu para você não ter sido selecionado. Talvez você tenha travado por nervosismo. Perceba nos outros quais foram as atitudes e características que os levaram a ser selecionados. Isso será fundamental para os próximos processos", ensina.
Matéria produzida para o site Bradesco Universitários em 8/04/2005.