Experiência e boa formação não garantem, por si só, o sucesso profissional. Ter auto-estima é tão importante quanto acumular conhecimentos e desenvolver habilidades técnicas, afirma a psicóloga Ana Paula Dias, consultora do Grupo Catho. Sem autoestima, até mesmo o mais competente profissional pode fracassar ou perder oportunidades.
“Nas pesquisas realizadas, a experiência é a característica mais valorizada pelos selecionadores e em segundo lugar vem a formação. Mas eu não diria que a autoestima venha em terceiro lugar. Ela vem em paralelo com as outras”, salienta Ana Paula.
De acordo com a psicóloga, sem autoestima dificilmente o profissional terá uma boa experiência. Mesmo que tenha uma excelente formação, irá esbarrar nesse quesito e dificilmente conseguirá se desenvolver profissionalmente, explica a especialista. Quanto mais alto for o cargo, mais importância ganha o fato de ter ou não autoestima, pois o profissional deixa de atuar operacionalmente para atuar mais no campo das idéias.
“Ele deve pensar estrategicamente e expor as suas ideias, e para isso precisa acreditar nas mesmas”, diz Ana Paula. É neste momento que a autoestima ou a autoconfiança são mais importantes para o profissional se lançar no mercado competitivo, explica a psicóloga.
Segredo está na paixão pelo trabalho
Atualmente, as mudanças no mercado de trabalho são cada vez mais constantes. O profissional precisa estar preparado para enfrentar eventos inesperados diariamente. “Nem sempre é possível ganhar. No entanto, devemos aprender com o erro. Alguns profissionais não conseguem lidar com falhas, não conseguem ver nas mesmas possibilidades de crescimento e se deixam abater na primeira turbulência”, aponta Ana Paula.
A especialista explica que mesmo alguém bem preparado pode falhar por causa da baixa autoestima. Segundo ela, a motivação é algo que está relacionado a razões internas, por isso, para sentir-se motivado, é importante ter uma razão, um significado para o trabalho que é desenvolvido. E por isso é tão importante fazer algo pelo qual se tenha paixão.
“Não existe fórmula para aumentar a autoestima. Este é um sentimento que está relacionado com diversos conteúdos internos do ser humano”, diz. A autoestima começa a se formar bem antes de a pessoa assumir um compromisso profissional, já na infância, explica.
Ter ou não auto-estima dependerá das situações que o indivíduo viveu e como lidou com elas. Uma forma de desenvolver a autoestima, segundo a psicóloga, é procurar aceitar novos desafios e enfrentar o medo de expor as idéias. “Somente ao enfrentar as dificuldades o profissional começará a ganhar confiança em si e desta forma poderá desenvolver sua auto-estima”, garante a psicóloga.
Excesso de autoestima também é problema
Assim como a baixa autoestima pode ser prejudicial à carreira a superestima também pode dificultar o sucesso profissional. “É importante ter cuidado, para não passar uma impressão de autoidolatria, que será vista como arrogância e que poderá gerar problemas de relacionamento; isto é muito ruim para a carreira do profissional e para o trabalho com equipes”, alerta Ana Paula.
É neste momento que o profissional deve utilizar a inteligência emocional. A especialista explica que fazer uso dela será importante para um bom relacionamento intrapessoal. “É necessário formar um modelo verdadeiro e preciso de si mesmo e usá-lo de forma efetiva e construtiva”, esclarece.
A psicóloga diz que “não existe receita de bolo” para dosar a medida certa de auto-estima, mas que o profissional deve estar atento para reconhecer as características positivas que possui e também respeitar as características interessantes das outras pessoas.
“É importante respeitar a opinião dos demais profissionais e entender que apesar de ser alguém com muito potencial, é também alguém com muito a aprender, pois, por mais que tenhamos conhecimento, sempre teremos algo mais para conhecer”, completa.
Matéria produzida para o site Bradesco Universitários em março de 2005.