Uma das discussões mais atuais no campo profissional é a relação estabelecida entre o profissional e seu emprego. Isto é, entender qual a dimensão que o trabalho ocupa em sua vida e se é possível ter uma relação saudável e prazerosa com ele.
A falta de prazer no trabalho pode até ser tolerada no início da carreira, mas, em algum momento da vida - em geral próximo à meia-idade - é capaz de desencadear muitos problemas, até doenças. Por isso, nunca é cedo demais para fazer uma reflexão sobre a relação que temos com o que fazemos para ganhar a vida, e quais são os valores que nos movem para seguir em frente.
Esse tipo de reflexão, segundo o diretor de operações da consultoria de RH Human Brasil Fernando Montero da Costa, parece ser uma tarefa mais fácil para os integrantes da chamada geração Y, formada por jovens que hoje têm entre 18 e 35 anos.
Segundo o especialista, essa geração dá muito valor à vida pessoal, aos momentos de lazer e de prazer.
"Essa geração está fazendo uma reformulação de valores. Ao analisarem a vida profissional dos pais, se perguntam: Para que seguir o modelo anterior se ele falhou?"
A falha, segundo Costa, é a valorização que a geração anterior, a X, sempre fez de uma carreira ascendente e numa mesma empresa, à qual se dedicava totalmente, muitas vezes sacrificando horas livres e de convívio com a família. O resultado, com frequência era "desestrutura familiar, insatisfação e problemas de saúde".
"Por isso, a mentalidade do momento é ter realização profissional aliada à satisfação pessoal", diz o consultor.
Ele destaca o sucesso deste novo posicionamento: "A geração Y, certamente, é muito mais feliz".
Vida pessoal em alta
O segredo desta relação saudável e prazerosa com o trabalho pode estar no equilíbrio com a vida pessoal - muito mais presente na postura dos novos profissionais.
Os jovens valorizam suas habilidades e competências, permitindo-se estar onde julgam melhor para seu desenvolvimento profissional e para sua realização pessoal. Ou seja, não hesitam em trocar de emprego, diferentemente da geração anterior, que valorizava a estabilidade.
Além deste desprendimento e da visão de que conhecer e vivenciar diferentes realidades corporativas é algo muito bom e enriquecedor para suas carreiras, os jovens, segundo o consultor de RH, buscam "ser e ter status profissionais", ou seja, eles vivenciam intensamente a oportunidade profissional do momento.
"Estes jovens profissionais se beneficiam da prática profissional no próprio campo profissional e também na vida pessoal. Eles conseguem, sem sacrificar seu lado pessoal, manter-se conectados com o trabalho e com o que está fora dele".
Assim, segundo Costa, eles também fazem o contrário, ou seja, sabem aproveitar momentos da vida pessoal para conquistas profissionais. "Numa partida de tênis, por exemplo, eles usufruem do lazer do esporte, mas aliam a esta situação a oportunidade de fazer contatos ou negócios, e isto os realiza".
Flexibilidade
Diante deste novo cenário, as empresas também precisam se adequar à realidade deste novo profissional, buscando lhe proporcionar um ambiente agradável de trabalho, uma rotina mais flexível e a possibilidade de satisfação pessoal e profissional.
"A busca pela felicidade não se concentra apenas no profissional", lembra o diretor de operações da consultoria de RH Human Brasil. Por isso, de acordo com Costa, um desafio atual dos departamentos de recursos humanos das empresas é aprender a "conectar o ambiente corporativo com o mundo lá fora".
Matéria produzida para o site Bradesco Universitarios em 03/11/2010