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Jovens descobrem o samba e resgatam tradições
 
Universitários lotam casas noturnas em São Paulo e Rio para ouvir e cantar samba de raiz, como há muito não se via. O movimento reforça o vaticínio de Nelson Sargento, para quem o samba, uma das maiores riquezas da música brasileira, "agoniza, mas não mor
 
30 de abril de 2007
por Ana Freitas
 

Ao que tudo indica, Nelson Sargento tinha razão quando compôs os versos “samba agoniza, mas não morre. Alguém sempre te socorre, antes do suspiro derradeiro”. Mesmo num momento como o atual, quando bandas e músicas são cada vez mais perecíveis, letras de Pixinguinha, Noel Rosa e Cartola ainda são cantaroladas, e não apenas pelas tradicionais velhas-guardas, mas também por uma nova geração de sambistas e, principalmente, de público.

Grande parte dos freqüentadores das rodas de samba que ocorrem atualmente pelo país é formada por pessoas que nasceram quando “Pelo Telefone”, primeiro samba gravado em 1917 por Donga, já fazia mais de 50 anos de composto. São jovens entre 20 e 30 anos que sabem de cor versos de clássicos de Clara Nunes, Jamelão e Adoniran Barbosa.

Se o chamado “samba de raiz” pouco toca em rádios, muito menos faz parte de trilhas sonoras de novelas, os adeptos do ritmo conseguem encontrar raridades entre os vinis dos pais ou avós ou até mesmo reedições em CD.

“São poucas as rádios que tocam samba de verdade, mas quem gosta mesmo sabe onde procurar”, comenta a estudante de jornalismo Eliza Cerisola, de 20 anos.

Segundo o músico e compositor Alemão do Cavaco, “a mídia nunca deu muito espaço para o samba, mas, de uns tempos para cá, cedeu ao sucesso de músicos como Jorge Aragão e abriu um pouco as portas”.

O fato é que clássicos nunca saem de moda e, com o passar da adolescência, muitos percebem que música é muito mais que um refrão fácil e acordes repetitivos. “Os jovens hoje são mais politizados e até os que antes ouviam apenas pagode já escutam samba porque perceberam que é uma música de qualidade, e não um som reciclável, que ‘dura’ pouco e logo é jogado fora”, diz Alemão.

Ritmo é retrato da boemia

Fora de casa, este público já foi descoberto por donos de bares e casas noturnas e novas opções de lugares para ouvir o bom e velho samba não param de aparecer.

No Rio de Janeiro, o bairro da Lapa sempre foi uma referência de boemia carioca por atrair intelectuais e artistas de diversas tribos musicais. O samba, no entanto, é considerado a essência do bairro e foi ele o responsável pela revitalização ocorrida na Lapa após alguns anos de decadência e abandono.

A partir de 2001, os tradicionais antiquários da região passaram a abrir suas portas para rodas de samba e chorinho, que unidas à comida típica de bar e ao chope de qualidade, trouxeram de volta os adeptos da boa música. O resultado foi que novas casas surgiram e hoje até mesmo o Circo Voador, conhecido por ser um berço do rock nacional, tem dias dedicados exclusivamente ao samba e à MPB.

Já em São Paulo, é na Vila Madalena que a boemia tem aberto espaço para que o samba se dissemine.

“A Vila é um bairro de perfil despojado, tem muitos bares, muita arte e o jovem gosta disso, de circular, ver coisas e pessoas novas, não tem preconceitos. Como samba faz parte deste universo, é natural que curtam também”, explica Fernanda Silva, dona do bar Salve Simpatia, uma das primeiras casas do bairro voltadas especialmente para o samba.

Para Alemão do Cavaco, o público entre 20 e 30 anos sempre este presente nas rodas de samba, mas tem sido mais freqüente nos últimos anos.

“Este pessoal sempre se interessou por samba. É natural que depois da adolescência passem a perceber melhor o cuidado dos músicos com os arranjos e com as letras e optem por ouvir uma música mais trabalhada. E, como o samba tem aos poucos ganhado espaço na mídia frente ao pagode, o público naturalmente tem aumentado”, expõe o músico, que se divide entre rodas de samba de Rio e São Paulo.

Samba e feijoada, casamento perfeito

A união entre os dois “souvenires” mais famosos do país, samba e feijoada, também é responsável por atrair universitários e gerações mais velhas para a mesma roda. Seja num bar na Vila Madalena ou na quadra de uma escola de samba no Rio, a velha-guarda se orgulha em poder transmitir sua experiência e energia aos mais novos.

Considerada quase um ritual, as feijoadas enriquecidas com samba já fazem parte da história da música brasileira. Foram através delas que muitos sambistas se conheceram e formaram parcerias que resultaram em grandes repertórios, como Clara Nunes e Paulinho da Viola.

Estes encontros das tardes de sábado já são freqüentes na rotina de muitos que estão descobrindo agora a tradição do samba.

Mas engana-se quem achas que ir a uma das feijoadas é abandonar o tradicional almoço de fim de semana em família. Em uma rápida passada em qualquer um dos lugares que celebram esta espécie de comunhão entre música e feijão, é fácil perceber que pais e filhos, tios e sobrinhos sentam na mesma mesa, dividem a mesma comida e dançam juntos.

“Nos dias de feijoada, o perfil do público é ainda mais jovem, mas o pessoal da antiga também aparece sempre. Acho interessante os mais novos curtirem uma música que tem tanta tradição, principalmente quando tanta coisa nova aparece todo dia”, diz Fernanda.

Como músico, Alemão do Cavaco também comemora o aumento do novo público. “Não somos de buscar espaço através da mídia, e o interesse dos jovens mostra que ela é importante, mas não determinante no gosto das pessoas”, comenta.

A estudante Eliza concorda. “Tem os que gostam da música que foi feita apenas para vender, mas quem gosta de samba, gosta desde sempre, não é porque a mídia deu espaço ou não”, diz.

Matéria produzida para o site Bradesco Universitários em junho de 2006.

 
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