A arte tem acompanhado a evolução humana e tecnológica ao longo dos séculos. Nas artes plásticas, por exemplo, o homem começou com as figuras rupestres e hoje faz obras virtuais, para a internet. É a chamada web arte.
“O histórico de experimentações artísticas com novos meios tecnológicos e de comunicação é extenso; assim que um meio é criado, logo surgem artistas que começam a explorar as suas possibilidades”, afirma Andrei Thomaz, web artista com formação em artes plásticas, que atualmente faz mestrado em artes visuais na Universidade de São Paulo (USP).
Hoje existem sites artísticos, blogs e fotoblogs que exploram esse tipo de produção. É o caso do blog “O trabalho de web arte da semana”, no qual Andrei seleciona alguns trabalhos que considera interessantes.
“Ele surgiu para registrar algo um tanto informal, criado com o objetivo de divulgar a produção, fazer com que ela fosse vista”, afirma.
Da internet para os salões de exposição
Já existem casos em que a web arte ultrapassa o espaço virtual e pode ser vista em exposições e outros eventos. Para Andrei, ela atinge um público que já possui um interesse prévio pelo assunto.
“O público de arte ‘convencional’ ainda possui pouca intimidade com essa produção”, diz.
As formas de produção na web arte são muito variadas e utilizam diversas ferramentas. “Não é necessário ter domínio de softwares e linguagens como Flash e Java para produzir web arte; é possível realizar um trabalho utilizando apenas os instrumentos oferecidos pela própria internet. Por exemplo, posso usar um blog, ou um fotolog, como suporte para um trabalho”, informa o web artista.
A produção da arte para a internet ainda é muito discutida, a cada dia surgem novos artistas, novos trabalhos, e muitos sites que apresentam artigos e estudos sobre o assunto.
“A internet ainda é um campo de possibilidades, seja para o meio artístico, seja para o setor de negócios e para o setor publicitário. Então, não é possível prever tudo o que será realizado nela e com ela”, diz Thomaz.
Web arte em expansão
A produção de web arte cresce mundialmente. As facilidades trazidas pela internet favorecem essa expansão. Um artista pode criar o seu trabalho e o colocar à disposição de milhões de pessoas, sem precisar de um espaço físico para a sua exposição.
O interesse por essa arte também aumenta. Andrei Thomaz, que tem 24 anos, conta que sua aproximação com a internet vem desde a adolescência. Mas foi só quando entrou na universidade que passou se dedicar à web arte.
“Comecei a pesquisar a produção de web arte em 2000. Na época, comecei a trabalhar como bolsista de iniciação científica num projeto de informática na educação, e fiquei curioso para saber o que estava sendo feito, com aqueles meios, no campo da arte”, diz.
Os trabalhos desenvolvidos por Thomaz são publicados no seu site (www.rgbdesigndigital.com.br). A maior parte deles é de autoria única, mas alguns são feitos em parceria com artistas de outras áreas como forma de completar a obra.
“Das parcerias que realizei, a maior parte delas foi com um amigo músico, Martin Heuser. Essa parceria surgiu, basicamente, a partir das incapacidades de cada um. Então, ao trabalharmos juntos, realizamos trabalhos bem mais interessantes e sofisticados do que se trabalhássemos sozinhos”, relata.
O futuro da web arte e de seus artistas ainda é algo desconhecido. “Talvez ela continue sendo algo que circule entre o meio da arte e o de web design (que possui um vínculo mais forte com o design e a publicidade), ou talvez circule de forma mais forte no meio artístico”, arrisca Andrei.
“Pessoalmente, estou mais interessado em acompanhar a produção dos artistas, acompanhar o que está sendo feito agora”, conclui.
Matéria produzida para o site Bradesco Universitários em setembro de 2006.